17 de fevereiro de 2014

El dia que me quieras


El dia que me quieras. Um tango no ouvido, novas e interessantes sensações no corpo para embalar tardes de Buenos Aires. E las noches.


Passos básicos de tango: a caminhada, o gancho, o corte e a cruzada. A media vuelta. Os deslizamentos no chão. Como se brincasse com os movimentos para frente e para trás de mãos coladas e pés flutuantes.

Posição inicial: corpos em contato.  Os pés juntam-se verticalmente e começam a deslizar como se o chão fosse um tapete a ser acariciado pelos sapatos tanguistas. Pega aqui, pega acolá. Sensualidade que transpira pela cidade portenha.

A mulher posiciona-se sempre um pouco à direita do homem. O mais difícil é manter a postura ereta que desencadeia os movimentos intensos. Dramáticos. Ágeis como numa peleja para medir forças.

Eu sorria de alegria com o aprendizado, mas no tango não há sorriso. Há concentração, intensidade. Fervura de olhares.




Gancho: aprendi um dos passos básicos do Tango Argentino. Aqui, o condutor puxa a aluna para ele e a aluna (pode ser um aluno também) quebra/dobra a perna em torno do corpo do condutor. O condutor é sempre muito firme nesse momento: precisa mostrar que atrai a aluna, que puxa e dirige seus movimentos. Habilidade, destreza, química para criar o envolvimento da dupla, da plateia.

Como vimos no Café Tortoni. A vibração da dança, das pernas vai e vem. Do cantor inflamado à la Carlos Gardel.


O cantor entoava "El Dia que me quieras"... lindo, lindo emoção à flor da pele.
Aquela canção, silenciei ouvindo a canção.

Os dançarinos frenéticos voltavam à cena. Com seus ganchos, media vueltas, cruzadas e cortes velozes e ritmados. Os rebotes.

 


Se alguns passos eu aprendi (lendo) vendo e mexendo o pouco que mexi, naquele momento tive vontade de tomar o palco para mim.

Calorosas sensações dançarinas. O corpo já não aceitava a inércia da cadeira.
O mero entendimento de que a música e a dança podem promover revoluções internas.

À meia-luz, a eletricidade se fazia pulsar no ambiente repleto de turistas. Café Tortoni, no meio da cidade, no meio do alvoroço.


Os encantos se refaziam a cada ato da peça musical. Os cinco casais se revezavam febris, como se rodassem ao redor do sol em translação.

Repetiam-se os encontros e desencontros típicos do tango.



O vermelho de escolha de luz de cena refletia o fervor do palco.
Vertiginosos. "Bravo" gritavam os turistas mais animados.

Volverei (voltarei) a ti, tangos, milongas e Buenos Aires. Tenho muito que aprender nestes passos que a vida dá por essas terras latinas de cá.

Dançar conforme a música. Quero experimentar muitas músicas e trejeitos nas próximas 50 coisas, 50 sonhos.

Um desejo gostoso de que a vida dance conforme todas as minhas músicas. No corredor (pasillo) dos tempos.


Besos.

Um comentário:

  1. Que delícia de postagem! Vera, te acompanhei em cada passo dessa dança maravilhosa e relembrei minha estadia em Buenos Aires. Deu saudade! Adoro passar por aqui e te acompanhar em suas aventuras.
    Bjs

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Obrigada à vera por seu comentário.
Beijos
Vera Lorenzo

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