24 de agosto de 2013

Zazueira - ligando novos pontos

Zazueira é uma canção composta pelo cantor brasileiro Jorge Ben, gravada em 1963, foi lançada em compacto simples.


Incorporei a zazueira no meu vocabulário e descrevo a zazueira sob meu ponto de vista. Zazueira, ideias mil, a cabeça fervilhando e uma infinidade de coisas que acontece dentro da gente. Unir três pontos, os pontos estão ali na frente e construir novas dimensões.

O que era para ser o lazer do horário bem cedo pela manhã passou a ser poesia e re-significação. Videre e adoculare do latim. Sem tradução mesmo para sua imaginação fluir.

Para organizar o turbilhão que passava que nem trem na minha alma inquieta, coloquei ordem na casa. Comecei no 5 como contagem regressiva.


5 linhas de pensamento.  5 enlouquecedoras ousadias. 5 intermináveis horas. Não se conhecem os próximos capítulos, mas e os sonhos? Hoje a agenda ia começar a tremer com os sonhados sonhos.

O mar mais parecia um colchão macio no aconcheguinho do amanhecer do dia. Bem aqui perto da gente. Não custa passar um minutinho lá e olhar.


No chão, marcas das distâncias para lembrar de sempre ir mais longe. Meio apagadinhas, é bem verdade, registradas para não esquecimento. Tal qual um carimbo de metas.


Para ser bem sincera, nunca gostei de andar. Meu forte sempre foi a corrida, a ansiedade me fazia desembestar no meio do caminho para chegar mais rápido. E, quando eu corro, perco inúmeros detalhes entre as pedras da calçada, nas copas das árvores, perco os movimentos e as imagens do dia.
Hoje, o meu negócio para ouvir música descarregou e a saída era andar com os sons da vida cotidiana.

Ia pianinho pelo meio da calçada, fotografando aqui e acolá. E aquela estrada, direção da areia, cortada pelas sombras? Parecia engaiolar a areia, parecia machucar quem passava por lá. Se você pousar os olhos, talvez veja outras sombras, talvez a sombra lhe faça cosquinha.



Indescritíveis momentos. Aquele monte de sentimentos, bagunçamentos, empilhados na beira do mar. O empilhamento coordenado e uniforme, unicolor. Com algumas exceções. Era preciso desempilhar as ideias e colocá-las para servir ao seu fim. No caso da cadeira, sentar. No meu caso, viver melhor.


A busca pela riqueza de espírito. Quatro paradas adiante para eu me perceber. Tudo ia aos quatro ventos.


Repare no gingado faceiro e nas meias pretas. A escolha pela liberdade de cores e estilos sem se interessar pelo outro. Fazer o que lhe cabe e o que gosta. Ensinamentos comuns de uma caminhada.


As latas do lixo, laranjas, suja por dentro, pediam mais sujeira. Chamavam veemente a atenção para que o lixo se jogasse e acobertasse a sujeira aparente. Era comigo mesmo. Havia de revisitar os últimos acontecimentos e depositar o que não prestava no lixo.


Enquanto isso, o meio ambiente entregava brindes em troca a dois litros de óleo usados num posto de coleta inusitado, no posto da praia. Será que alguém reparou nisso enquanto caminhava? Será que muito óleo foi capaz de lubrificar as almas?


Não sei. Tenho as perguntas e nem sempre as respostas. Divido as dúvidas e me oriento a perceber mais e mais. Para desorientar e tirar da zona de conforto aos mais desavisados.

Continuei no caminho. Agora éramos 3.


Na copa das árvores frondosas, um grupinho de babás se agrupavam como num quadro emoldurado.
Todas de branco uniformizadas para chamar a atenção dos passantes sobre sua profissão. Era necessário isso? Ou seria outro motivo? Pensei e não cheguei a conclusão alguma.


Parecia uma grande festa que se repetia rotineiramente.
De repente, me dei conta de duas realidades. Antes de chegar ao 2, avizinharam-se duas árvores, duas amendoeiras, lado a lado, com duas realidades diferentes. Mesmo solo, mesmo sol, mesma brisa. Uma escolheu florescer, a outra escolheu secar.



Tal qual as opções que abraçamos e as outras que deixamos para lá. Eram tantas explicações para as amendoeiras, imagino se os estudiosos poderiam desvendar o mistério. 
E peço a Deus que eu possa abraçar as causas justas e os trilhos dos sucesso. 

Encafifada. Continuo enfifadíssima com as árvores, com os pontos de luz durante o percurso que ainda não tinha terminado.

Passinho curto a passinho curto, eu avançava sem pressa. Ainda havia quem relaxasse colocado cabeça-árvore em harmonia da natureza. Que inveja! Pudesse eu me esparramar ali e ficar um dia inteiro descansando.

O posto 2, número 2, não tardou. Esperava sereno a minha chegada. Impávido, sugerindo a continuidade e a meta alcançada. Pela frente e, arriégua, tanta coisa por vir.


Os castelos de areia, seria uma mera coincidência ou sinal da consciência mais profunda? 
Não vou mais, escreve aí, construir castelos na areia. Eles são lindos, fazem vista, chamam atenção, mas se você assoprar, eles desaparecem. Falo e dói, porque quantos castelos já não construí sem a certeza do solo firme? Nem eu mesma posso contar. 


Fôlego, é preciso tomar fôlego. Muita viagem numa odisseia simplista que pensei para mim. Passo e reparo nos cocos e na bebida de energia que escolho para brindar. Desce aí, 2 cocos pra agora! A sede é muita.


Amendoeiras, carambolas. Mais coisas empilhadas pela areia e largada aos quatro ventos. Esse empilhamento não vai desempilhar nunca?

Quanto mais eu me sinto Cristóvão Colombo, mais eu descubro e arregalo as vistas cansadas. O que é isso agora? Uma árvore que me segue com os olhos? Uma árvore que me encara e me vigia?





Que loucura! Eu ando e ela me acompanha. Ando mais ligeirinho e ela não consegue se virar quando eu vejo o muro da construção vermelha dos guarda-vidas.

A placa avisava. Devagar. Entrada e saída de guarda-vidas. Eles poderiam nos atropelar? Acelerei temerosa. Não duvido de mais nada.


Opa, mais alguns pé ante pé as dunas da Barra. De onde eu estava, as entrelinhas e o suspiro. Ah, respirei bem fundo e soltei. Que lindo, deve ser pedaço do paraíso....

Momento meditatório destemperado. Longa jornada da minha versão do Star Trek, outro mundo nesse novo próprio mundo, Raimundo.


Passado o paraíso, as porções numa placa vermelha de destaque. Temos porções, anunciava. Porções de magia, de contemplação, porções interrogatórias, porções de encantamento, porções para todos os gostos. Você escolhe, o prato é seu. Sirva-se.


Prato feito para mim, estava quase com a boca na meta, e o 1 para guardar na minha caixola.
O 1, minha gente, apareceu grandioso pintado em tela azul.


E, como na minha vida nada é assim do nada, a luz do sol brilhou no canto da foto. Alô, astro-rei, obrigada pela presença encantadora. Sinto-te percorrer minha alma. Pousarei em descanso.


Calada, serena, missão longe de ser fácil para mim, puxo a cadeira. No entreolhar meio amarelo, nos reparamos e nos fizemos mutuamente companhia. A escolha da cadeira foi consciente, ela nada poderia falar para mim, deixou que eu pensasse em tudo que eu passei naquela manhã. Obras dos acasos.


Não negarei que eu vi poesia em todos os momentos. Não negarei que aprendi aos montes e aos tantos. E mais: posso recomendar que mantenha à parte um tempo para remanejar ideias. Zazueira. Fordunço. 

Ou como diria Drummond: 
"Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração." 
Drummond - Poema das sete faces

Beijos zonzos e alegres.

Um comentário:

  1. É assim mesmo, Vera ! Quando queremos fazer uma boa arrumação, às vezes, precisamos tirar tudo do lugar ... Geralmente distribuo o que desarrumei em três sacolas: JOGAR FORA , RECICLAR e DOAR ! Bjs e boas caminhadas , que a jornada é longa !
    Vera Bessa

    ResponderExcluir

Obrigada à vera por seu comentário.
Beijos
Vera Lorenzo

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