29 de maio de 2013

O mundo visto lá do alto

Lá no alto, nas montanhas do Rio de Janeiro você tem o Cristo que tudo vê e observa.


Lá do alto você vê os altos e baixos, os asfaltos e as comunidades intermeados. Colados e unidos.

As comunidades, antes favelas, e agora frequentada pela classe média e alta. A classe média e alta que sobem as comunidades e a classe que mora no alto que desce. Trânsito intenso entre as pessoas.

Eu, entre as minhas 50 metas, tinha o enorme desejo de conhecer a comunidade, festejar lá do alto com amigos a comunhão entre asfalto e morro. Logo no Ano Novo de 2012/2013, decidi completar essa etapa. Lá do Pavão-Pavãozinho. Revisitada fisicamente, feito as pazes comigo mesma.

O ato de subir e chegar até o topo da favela é incrível, porque você vê de muito perto os moradores da comunidade, na espreita, tipo estava à toa na vida o meu amor me chamou. Os fios desencapados e soltos por cima de nossa cabeça levavam a energia para dentro da comunidade. Conseguíamos sentir a energia por todos os lados e ver as luzes que nos encaminhavam mais à frente.


Caminhamos por ruas que tremiam como a minha foto com o olhar grudado no chão para não cair em um dos quebra-molas para motos, motos que zumbiam e corriam durante todo o percurso.

Nossos olhares desacostumados com aquele ambiente colorido, colado, todos juntos, reviravam os becos e os cantos como se tentássemos desvendar a vida por ali tão alto. As mulheres desciam e subiam escadas de saltos bem altos e nós acompanhávamos com grande respeito, calçadas em nossos sapatos esportivos.


No alto, nos sentimos pequenos e comuns como realmente somos. Nada além disso. Subimos para descer à nossa própria mediocridade.

Delícia a sensação de pertencer a um mundo normal e, ao mesmo tempo, tão diferente dos nossos mundos. Vibrações positivas por onde passávamos em uma de minhas primeiras metas. Quanta coisa boa ao redor! Era só subir para o alto e adiante.



Era o último dia do ano e mais o primeiro de tantos outros dias loucos e impressionantes que se seguiriam. Dia de luzes, luzes de todas as cores, dia da festa no mundo. Dia de reunir amigos, fazer novos amigos, sedimentar velhas amizades. O novo ano nos permite refletir e mudar a maneira de ver a vida por onde nos aventuramos.


No meio da confusão, dos reflexos e do brilho dos fogos de artifício, os barulhos nos calavam por um tempo para a reflexão interna. Era hora de ver o mundo diferente. Do alto e naquele instante havíamos de ver como ele, o Cristo Redentor, novos pontos de luz em todos os níveis.

O mundo era cheio de altos e baixos como uma gangorra. E ali na casa de dona Azelina, entendíamos as maravilhas e os privilégios de estar por cima. Ter uma visão melhor da cidade, da nossa própria verdade intrínseca. Ou será que quem estava perto de mim para nada atentava?




Sobes e desces. No novo ano, a lição seria clara: aproveitar a gangorra em cima e imaginar, pelo lado de baixo, a diversão de cima. Se assim fosse, não seríamos mais felizes?


Quando estamos do lado de baixo, sabemos que de lá não podemos passar, que a única saída é subir.
Se a maré baixa e nos descobrimos cabisbaixos, sabemos que a próxima etapa é de maré alta, alta maré para nós mesmos. Ondas de uma existência. Vida que sobe e que desce e que, por onde você olha, haverá de haver coisas boas, aprendizados.
Cristo, silencioso, abria os braços e admirava o povo que perambulava pela cidade. Sempre alguém olhava por nós. Sempre.

Lá do bem alto, comemorando a entrada de novos ares, novos dias, eu entendia tudo. Estava na hora de ajudar quem caminhava ao largo. Esquerda ou direita, todos precisavam saber que a vida era assim. Se eu estava ali no alto, eu desceria novamente e ficaria até uma nova oportunidade se abrir e eu alcançar as alturas.

O mundo precisava de quem enxergasse além de seus próprios limites. Eu, eu sim, precisava avisar que o tempo passava e que somos responsáveis por cativar e carregar para a alegria nossos pares.

Talvez aquilo fosse apenas uma festa de Ano Novo. Talvez eu devesse comemorar o Ano Novo e me calar a respeito de todas as experiências novas.

Não podia ser assim. Eu já não era mais assim desde que escrevi minhas metas. Eu havia mudado de conteúdo e de embalagem. Estava repaginada a partir de um estalo único.


Tudo havia mudado para sempre. Altos e baixos, maré alta e maré baixa. Ventos e sóis.
Até o Cristo, ele em pessoa, me olhava diferente.

Feliz Ano Novo! Feliz Dia Novo!
Recomecemos todos os dias. Ano novo, dia novo é quando a gente decide viver e recomeçar. Não há regras, nem contratos fixados em relação a dia e à hora.

Loucos e abrilhantados segundos de troca de ano.
Em loucos segundos, refazemos a cabeça de uma vida inteira.
Segundos loucos que guardamos para sempre na alma.


Vá você também ver a vida do alto. Ou do lado de baixo. Desoriente-se para se orientar novamente.

A vida tem dessas coisas. Pois é.
É bonita, é bonita e é bonita.

Beijos bonitos de novos dias que virão.

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Vera Lorenzo

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